Trata-se de uma doença mental grave que afeta tanto homens como mulheres em todo o mundo, ainda que nos homens o início seja habitualmente mais precoce. É comum existir, nos indivíduos atingidos, história familiar de psicose. Não se trata de uma única forma de doença, mas de um conjunto de doenças que podem apresentar manifestações muito diversas entre si, sendo por vezes difícil distingui-la de outras doenças psiquiátricas graves.
Existem circunstâncias individuais de vulnerabilidade para o aparecimento da doença, como sejam todas aquelas situações que atingem precocemente o sistema nervoso central (SNC), e que podem condicionar negativamente o seu desenvolvimento quer na fase intrauterina quer nos primeiros anos de vida do doente; as infeções virais durante a gestação e os traumatismos obstétricos são possíveis exemplos de agressões ao SNC. Também uma fraca adaptação social do indivíduo antes do início da doença, caracterizada por marcada introversão, escassa escolaridade ou desemprego, entre outros fatores, constitui, à partida, uma situação de desvantagem, que aumenta o risco de adoecer.
A doença começa habitualmente por um período prodrómico, que dura vários meses ou mesmo anos, em que o indivíduo se isola progressivamente, descura os seus compromissos académicos ou profissionais e restringe os seus contactos sociais à família ou, mesmo no seio desta, distancia-se ou reage de forma hostil, quando abordado. Esta fase é crucial e antecede o aparecimento dos sintomas psicóticos propriamente ditos (sintomas produtivos da doença), de que são exemplos a audição de vozes ou a convicção de que se é perseguido ou prejudicado ou ainda de que se é controlado ou condicionado, por algo ou alguém. Trata-se de um período crucial porque, ainda que não exista uma intervenção profilática (preventiva) específica e comprovadamente eficaz para a fase prodrómica, se sabe que, quanto maior for a duração do período que decorre entre o aparecimento das primeiras manifestações e o início da terapêutica farmacológica, pior é a resposta posterior dos sintomas aos fármacos, pior é a evolução da doença e, consequentemente, maior é a funcionalidade perdida.
A fase prodrómica da doença é frequentemente confundida com uma depressão, encarada como transitória e consequentemente desvalorizada quer pelos leigos quer por profissionais de saúde. Ainda hoje, em pleno século XXI, é comum a procura de “tratamentos alternativos” por parte dos familiares, o que atrasa a deteção da doença e/ou o seu correto tratamento.
São sinais de alerta da esquizofrenia, o isolamento progressivo, a frieza emocional ou a hostilidade demonstrada em relação aos outros, o comportamento estranho, podendo surgir rituais “de novo”, o pensamento vago, (pseudo)filosófico, religioso, místico ou mesmo incompreensível, o desinteresse pela realidade circundante ou a restrição a uma gama muito limitada de interesses, a diminuição do rendimento académico e o compromisso da assiduidade, escolar ou laboral.
Leia-se, a título ilustrativo, "Testemunhos: História de um Percurso Existencial contra a Adversidade."