encerrando assim praticamente o trabalho de 2023 no consultório. Há um ano, elaborei um texto idêntico a este, no qual afirmava, satisfeita, que todos os elementos em tratamento no grupo, à data, se encontravam ativos. É, portanto, com enorme satisfação que atualizo essa informação, volvido outro ano.
Passados doze meses, posso agora afirmar que todos os intervenientes na última sessão de grupo do ano, se encontram a trabalhar, a estudar, ou a fazer ambas as coisas, simultaneamente. Tendo os doentes que integram este conjunto de elementos, problemáticas de saúde mental muito distintas, este grupo terapêutico testemunha que é possível mudar e crescer no meio da diversidade. E é sem dúvida verdade que a diferença coloca desafios maiores que a uniformidade, na medida em que pode suscitar sentimentos de surpresa, estranheza, receio e repúdio, em vez dos expectáveis sentimentos de surpresa, curiosidade, aproximação e comunhão, próprios da natureza humana. Infelizmente, experiências negativas prévias, do próprio ou dos seus mais próximos, fazem amiúde com que estes últimos sentimentos se transformem, deixem de modelar as relações interpessoais, e conduzam a generalizações apressadas e a preconceitos intransponíveis.
É caso também para afirmar que, mais importante que o ponto de partida (o berço), é o ponto de chegada (aquilo em que nos transformamos). O grupo é prova de que não interessa a que velocidade vamos (sejamos lebres, ou tartarugas), interessa é que partamos. E que cheguemos até onde as nossas capacidades (e limitações) nos permitam chegar. Que cheguemos a outro sítio, diferente daquele de onde partimos, com a certeza de que, desde que nos ponhamos a caminho, chegaremos sempre a alguma parte. E que essa qualquer parte encerra sempre um mistério de possibilidades, que nos transformam e nos fazem distintos dos demais.
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Quero deixar uma última palavra, àqueles que não conseguiram estar presentes na última sessão: não interessa que não tenham chegado (ainda). Interessa é que estão a caminho. E que, mais tarde, ou mais cedo, hão de chegar!